22 dezembro 2010

O Sacerdócio no Catecismo III Parte

1581. Este sacramento configura o ordinando com Cristo por uma graça
especial do Espírito Santo, a fim de servir de instrumento de Cristo em favor da
sua Igreja. Pela ordenação, recebe-se a capacidade de agir como representante de
Cristo, cabeça da Igreja. na sua tríplice função de sacerdote, profeta e
rei.

1582. Tal como no caso do Baptismo e da Confirmação, esta participação
na função de Cristo é dada uma vez por todas. O sacramento da Ordem confere,
também ele, um carácter espiritual indelével, e não pode ser repetido nem
conferido para um tempo limitado (78).

1583. Uma pessoa validamente ordenada pode, é certo, por graves
motivos, ser dispensada das obrigações e funções decorrentes da ordenação, ou
ser proibido de as exercer (79): mas já não pode voltar a ser leigo, no sentido
estrito (80), porque o carácter impresso pela ordenação fica para sempre. A
vocação e a missão recebidas no dia da ordenação marcam-no de modo
permanente.

1584. Uma vez que é Cristo, afinal, quem age e opera a salvação
através do ministro ordenado, a indignidade deste não impede Cristo de agir
(81). Santo Agostinho di-lo numa linguagem vigorosa:


«Quanto ao ministro orgulhoso, deve ser contado juntamente com o diabo. E nem
por isso se contamina o dom de Cristo: o que através de tal ministro se
comunica, conserva a sua pureza: o que passa por ele mantém-se límpido e chega
até à terra fértil. [...] De facto, a virtude espiritual do sacramento é
semelhante à luz: os que devem ser iluminados recebem-na na sua pureza, e ela,
embora atravesse seres manchados, não se suja» (82).

A GRAÇA DO ESPÍRITO SANTO
1585. A graça do Espírito Santo própria deste sacramento consiste numa
configuração com Cristo, Sacerdote, Mestre e Pastor, de quem o ordenado é
constituído ministro.

1586. Para o bispo, é, em primeiro lugar, uma graça de fortaleza
(«Spiritum principalem – Espírito soberano», isto é, Espírito que faz
chefes, pede a oração de consagração do bispo, no rito latino (83)): a graça de
guiar e defender, com força e prudência, a sua Igreja, como pai e pastor, com
amor desinteressado para com todos e uma predilecção pelos pobres, os enfermos e
os necessitados (84). Esta graça impele-o a anunciar o Evangelho a todos, a ser
o modelo do seu rebanho, a ir adiante dele no caminho da santificação,
identificando-se na Eucaristia com Cristo sacerdote e vítima, sem recear dar a
vida pelas suas ovelhas:


«Ó Pai, que conheceis os corações, concedei ao vosso servo, que escolhestes
para o episcopado, a graça de apascentar o vosso santo rebanho e de exercer de
modo irrepreensível, diante de Vós, o supremo sacerdócio, servindo-Vos noite e
dia: que ele torne propício o vosso rosto e ofereça os dons da vossa santa
Igreja: tenha, em virtude do Espírito do supremo sacerdócio, o poder de perdoar
os pecados segundo o vosso mandamento, distribua os cargos segundo a vossa ordem
e desligue de todo o vínculo pelo poder que Vós destes aos Apóstolos: que ele
Vos agrade pela sua doçura e coração puro, oferecendo-Vos um perfume agradável,
por vosso Filho Jesus Cristo...» (85).

1587. O dom espiritual, conferido pela ordenação presbiterial, está
expresso nesta oração própria do rito bizantino. O bispo, impondo as mãos, diz,
entre outras coisas:


«Senhor, enchei do dom do Espírito Santo aquele que Vos dignastes elevar ao
grau de presbítero, para que seja digno de se manter irrepreensível diante do
vosso altar, de anunciar o Evangelho do vosso Reino, de desempenhar o ministério
da vossa Palavra de verdade, de Vos oferecer dons e sacrifícios espirituais, de
renovar o vosso povo pelo banho da regeneração; de modo que, ele próprio, vá ao
encontro do nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo, vosso Unigénito, no dia
da sua segunda vinda, e receba da vossa imensa bondade a recompensa dum fiel
desempenho do seu ministério» (86).

1588. Quanto aos diáconos, «fortalecidos pela graça sacramental,
servem o povo de Deus na "diaconia" da liturgia, da palavra e da caridade, em
comunhão com o bispo e o seu presbitério» (87).
1589. Perante a grandeza da graça e do múnus sacerdotais, os santos
doutores sentiram o apelo urgente à conversão, a fim de corresponderem, por toda
a sua vida, Àquele de Quem o sacramento os constituiu ministros. É assim que São
Gregário de Nazianzo, ainda jovem presbítero. exclama:


«Temos de começar por nos purificar, antes de purificarmos os outros: temos
de ser instruídos, para podermos instruir: temos de nos tornar luz para alumiar,
de nos aproximar de Deus para podermos aproximar d'Ele os outros, ser
santificados para santificar, conduzir pela mão e aconselhar com inteligência»
(88). «Eu sei de Quem somos ministros, a que nível nos encontramos e para onde
nos dirigimos. Conheço as alturas de Deus e a fraqueza do homem, mas também a
sua força» (89). [Quem é, pois, o sacerdote? Ele é] «o defensor da verdade,
eleva-se com os anjos glorifica com os arcanjos, faz subir ao altar do Alto as
vítimas dos sacrifícios, participa no sacerdócio de Cristo, remodela a criatura,
restaura [nela] a imagem [de Deus], recria-a para o mundo do Alto e, para dizer
o que há de mais sublime, é divinizado e diviniza» (90).

E diz o santo Cura d'Ars: «É o sacerdote quem continua a obra da redenção na
terra»... «Se bem se compreendesse o que o sacerdote é na terra, morrer-se-ia,
não de medo, mas de amor». [...] «O sacerdócio é o amor do Coração de Jesus»
(91).

21 dezembro 2010

O Sacerdócio no Catecismo II Parte

1562. «Cristo, a Quem o Pai santificou e enviou ao mundo, por meio dos
seus Apóstolos tornou os bispos, que são sucessores deles, participantes da sua
consagração e missão; e estes, por sua vez, transmitem legitimamente o múnus do
seu ministério em grau diverso e a diversos sujeitos na Igreja» (43). O seu
cargo ministerial foi transmitido em grau subordinado aos presbíteros, para que,
constituídos na Ordem do presbiterado, fossem cooperadores da Ordem episcopal para o desempenho perfeito da missão apostólica confiada por Cristo»
(44).
1563. «O ofício dos presbíteros, enquanto unido à Ordem episcopal,
participa da autoridade com que o próprio Cristo edifica, santifica e governa o
seu corpo. Por isso, o sacerdócio dos presbíteros, embora pressuponha os
sacramentos da iniciação cristã, é conferido mediante um sacramento especial, em
virtude do qual os presbíteros, mediante a unção do Espírito Santo, ficam
assinalados com um carácter particular e, dessa maneira, configurados a
Cristo-Sacerdote, de tal modo que possam agir em nome e na pessoa de Cristo
Cabeça» (45).
1564. «Os presbíteros, embora não possuam o pontificado supremo e
dependam dos bispos no exercício do próprio poder, todavia estão-lhes unidos na
honra do sacerdócio; e, por virtude do sacramento da Ordem, são consagrados, à
imagem de Cristo, sumo e eterno sacerdote (46), para pregar o Evangelho, ser
pastores dos fiéis e celebrar o culto divino como verdadeiros sacerdotes do
Novo Testamento
(47).
1565. Em virtude do sacramento da Ordem, os sacerdotes participam das
dimensões universais da missão confiada por Cristo aos Apóstolos. O dom
espiritual que receberam na ordenação prepara-os, não para uma missão limitada e
restrita, «mas sim para uma missão de salvação de amplitude universal, "até aos
confins da terra"» (48), «dispostos, no seu coração, a pregar o Evangelho em
toda a parte» (49).
1566. «É no culto ou sinaxe eucarística que, por excelência
exercem o seu múnus sagrado: nela, agindo na pessoa de Cristo e proclamando o
seu mistério, unem as preces dos fiéis ao sacrifício da cabeça e, no sacrifício
da Missa, tornam presente e aplicam, até à vinda do Senhor, o único sacrifício
do Novo Testamento, o de Cristo, o qual de uma vez por todas se ofereceu ao Pai,
como hóstia imaculada» (50). É deste sacrifício único que todo o seu ministério
sacerdotal tira a própria força (51).
1567. «Cooperadores esclarecidos da Ordem episcopal, sua ajuda e
instrumento, chamados para o serviço do povo de Deus, os presbíteros constituem
com o seu bispo um único presbyterium com diversas funções. Onde quer que
se encontre uma comunidade de fiéis, eles tornam de certo modo, presente o
bispo, ao qual estão associados, de ânimo fiel e generoso, e cujos encargos e
solicitude assumem, segundo a própria medida, traduzindo-os na prática do
cuidado quotidiano dos fiéis» (52). Os presbíteros só podem exercer o seu
ministério na dependência do bispo e em comunhão com ele. A promessa de
obediência, que fazem ao bispo no momento da ordenação, e o ósculo da paz dado
pelo bispo no final da liturgia de ordenação, significam que o bispo os
considera seus colaboradores, filhos, irmãos e amigos e que, em contrapartida,
eles lhe devem amor e obediência.
1568. «Os presbíteros, elevados pela ordenação à Ordem do
presbiterado, estão unidos entre si numa íntima fraternidade sacramental.
Especialmente na diocese, a cujo serviço, sob o bispo respectivo, estão
consagrados, formam um só presbitério» (53). A unidade do presbitério tem uma
expressão litúrgica no costume segundo o qual, durante o rito da ordenação
presbiterial, os presbíteros impõem também eles as mãos, depois do bispo.

19 dezembro 2010

O que é o Sacerdócio?

"Se tivéssemos fé, veríamos Deus oculto no
sacerdote, como a luz por trás da vidraça, como vinho misturado na
água."

"Devemos considerar o
padre quando está no altar e no púlpito como se fosse o próprio
Deus"

"Oh! como o sacerdote é
algo sublime! Se ele se apercebesse morreria... Deus lhe obedece: diz duas
palavras e Nosso Senhor desce do céu."

"Se não tivéssemos o sacramento da Ordem, não teríamos
Nosso Senhor. Quem o colocou no tabernáculo? O padre. Quem foi que recebeu nossa
alma à entrada da vida? O padre. Quem a alimenta para lhe dar força de fazer sua
peregrinação? O padre.

"Quem a
preparará para comparecer perante Deus, lavando a alma pela última vez no sangue
de Jesus Cristo? O padre, sempre o padre. E se alma vier a morrer, quem a
ressuscitará, quem lhe dará a calma e a paz? Ainda o
padre."

"O Sacerdote não é
para si, mas para vós...

"Quem
recebeu vossa alma à sua entrada na vida? É o sacerdote. - Quem a sustenta para
dar-lhe a força de fazer sua peregrinação? O sacerdote. - Quem há de prepará-la
para se apresentar diante de Deus, purificando-a pela última vez no sangue de
Jesus Cristo? O sacerdote, sempre o sacerdote. -

"E se a alma morrer quem há de ressuscitá-la? Ainda o
sacerdote. - Não há benefício alguma de que vos lembreis sem ver logo ao lado
desta recordação a figura do sacerdote. - O sacerdote tem as chaves dos tesouros
celestiais; é o procurador de Deus, é o ministrador de seus
bens."

"Só no céu
compreenderemos a felicidade de poder celebrar a
Missa."

"O padre não é para
si. Não dá a si a absolvição. Não administra a si os sacramentos. Ele não é para
si, é para vós."

"Se um padre
vier a morrer em conseqüência dos trabalhos e sofrimentos suportados pela glória
de Deus e a salvação das almas não seria nada mal."

"O Sacerdote só será bem compreendido no céu... Se o
compreendêssemos na terra, morreríamos, não de pavor, mas de
amor."

"Se não fosse o padre,
a morte e a Paixão de Nosso Senhor de nada serviriam."

"O Sacerdote é o amor do Coração de Jesus. Quando
virdes o padre, pensai em Nosso Senhor Jesus Cristo."

04 novembro 2010

Resultado do Censo 2010 para Sergipe

Município População em 2010 População em 2000
Amparo de São Francisco 2.275 2.182
Aquidabã 19.923 18.344
Aracaju 552.365 461.534
Arauá 9.569 9.762
Areia Branca 16.716 14.824
Barra dos Coqueiros 24.283 17.807
Boquim 25.459 24.188
Brejo Grande 7.741 7.102
Campo do Brito 16.442 15.175
Canhoba 3.928 3.965
Canindé de São Francisco 24.676 17.754
Capela 30.596 26.518
Carira 19.914 17.770
Carmópolis 13.351 9.352
Cedro de São João 5.633 5.378
Cristinápolis 16.519 14.268
Cumbe 3.813 3.646
Divina Pastora 4.326 3.266
Estância 63.486 59.002
Feira Nova 5.306 5.068
Frei Paulo 13.731 11.973
Gararu 11.249 11.363
General Maynard 2.866 2.400
Gracho Cardoso 5.648 5.519
Ilha das Flores 8.348 8.281
Indiaroba 15.714 13.152
Itabaiana 86.019 76.813
Itabaianinha 38.637 35.454
Itabi 4.972 5.174
Itaporanga d'Ajuda 30.136 25.482
Japaratuba 16.704 14.556
Japoatã 12.842 13.020
Lagarto 94.071 83.334
Laranjeiras 26.867 23.560
Macambira 6.367 5.802
Malhada dos Bois 3.445 3.208
Malhador 12.004 11.481
Maruim 16.074 15.454
Moita Bonita 10.937 10.758
Monte Alegre de Sergipe 13.531 11.587
Muribeca 7.336 7.101
Neópolis 18.498 18.593
Nossa Senhora Aparecida 8.499 8.279
Nossa Senhora da Glória 32.335 26.910
Nossa Senhora das Dores 24.595 22.195
Nossa Senhora de Lourdes 6.215 6.023
Nossa Senhora do Socorro 158.470 131.679
Pacatuba 13.137 11.536
Pedra Mole 2.939 2.630
Pedrinhas 8.702 7.929
Pinhão 5.973 5.244
Pirambu 8.369 7.255
Poço Redondo 30.819 26.022
Poço Verde 21.861 19.973
Porto da Folha 26.636 25.664
Propriá 28.402 27.385
Riachão do Dantas 19.280 19.202
Riachuelo 9.349 8.337
Ribeirópolis 17.089 15.439
Rosário do Catete 9.167 7.102
Salgado 19.297 18.876
Santa Luzia do Itanhy 13.914 13.948
Santa Rosa de Lima 3.748 3.595
Santana do São Francisco 7.038 6.135
Santo Amaro das Brotas 11.305 10.670
São Cristóvão 77.030 64.647
São Domingos 10.220 9.260
São Francisco 3.390 2.532
São Miguel do Aleixo 3.694 3.447
Simão Dias 38.556 36.813
Siriri 7.990 6.914
Telha 2.957 2.638
Tobias Barreto 47.727 43.172
Tomar do Geru 12.812 12.840
Umbaúba 22.445 19.214
Total: Sergipe 2.036.277 1.784.475
Total: Região Nordeste 51.871.449 47.741.711



FUNDAÇÃO INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA
RESOLUÇÃO No- 6, DE 3 DE NOVEMBRO DE 2010

O PRESIDENTE DA FUNDAÇÃO INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE, no uso de suas atribuições, e em cumprimento ao que determina o Art. 102 da Lei N° 8.443, de 16 de julho de 1992, resolve: Art. 1º Divulgar, nesta data, a relação das populações dos 26 Estados e dos 5.565 municípios brasileiros, incluindo o do Distrito Federal, constantes da lista anexa, para os fins previstos no inciso VI do Art. 1º da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992. Art. 2º Os dados constantes da lista anexa são provenientes do Censo Demográfico 2010, com data de referência em 1º de agosto de 2010, e representam a população recenseada até 31 de outubro de 2010, tendo sido visitados 67.275.459 domicílios no território nacional. Art. 3º Fica mantido o prazo de 20 (vinte) dias, de 05 a 24 de novembro de 2010, para os interessados apresentarem reclamações fundamentadas ao IBGE, que decidirá conclusivamente, conforme previsto no artigo 102 da Lei N° 8.443, de 16 de julho de 1992. Art. 4º Os resultados da lista anexa foram apresentados às respectivas Comissões Municipais de Geografia e Estatística (CMGE), de cada município. Art. 5º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.
 
SÉRGIO DAS COSTA CÔRTES
Em exercício

* Município com criação posterior ao ano de 2000.

03 novembro 2010

Gravação de "Aos ventos que virão" começam dia 15/11

O longa-metragem conta a história de Zé Olímpio, um ex-cangaceiro que foragido de Poço Redondo reconstrói a vida em São Paulo.



Já está a todo vapor a pré-produção do filme de Hermano Penna 'Aos Ventos que Virão', que começa a ser rodado dia 15 de novembro em Poço Redondo. O longa-metragem conta a história de Zé Olímpio, um ex-cangaceiro que foragido de sua cidade reconstrói a vida em São Paulo. Tempos depois ele volta a Poço Redondo para cuidar de sua herança e se envolve com a política.

Neste novo filme Hermano se utiliza de uma velha história sergipana, rica de símbolos e significados para construir uma narrativa épica que fala às nossas mais profundas emoções e inquietações. É uma história que fala de justiça, de vingança e sobretudo da esperança em dias melhores. O personagem central do filme será vivido pelo ator Rui Ricardo Diaz, que protagonizou o longa 'Lula o filho do Brasil'.

Com parceiros como Petrobrás, Nossa Caixa, Banese, Governo do Estado, Energisa, o filme ainda está captando recursos e precisando de apoio da iniciativa privada local, já que 80% da história acontece em Sergipe. Os empresários precisam patrocinar projetos aprovados pela lei do audiovisual, que abate 100% do valor patrocinado no imposto de renda do patrocinador, além de demonstrar que a empresa participa e apoia a cultura e a produção cinematográfica nacional.

O longa-metragem vai proporcionar maior visibilidade ao nosso estado, gerar emprego e renda para os sergipanos: são atores, figurantes e equipe técnica, além da população local que se beneficiará com o projeto direta e indiretamente. O filme será exibido em salas e festivais de cinema de todo o Brasil e até de outros países.

02 novembro 2010

Sabe morrer quem sabe viver!

Hoje a Igreja celebra o dia de Finados, uma oportunidade que temos de refletir como está a nossa vida, fazendo um exame de consciência e nos colocando frente a realidade da morte, como algo real e comum a todos os seres vivos.
Na liturgia da Palavra somos convidados a diante das bem-aventuranças, revermos o projeto de felicidades querido por Deus em relação a nós, e assim conformarmos a nossa vida com o sentido de felicidade verdadeira proposta por Jesus.

Naquele tempo, 1Vendo aquelas multidões, Jesus subiu à montanha. Sentou-se e seus discípulos aproximaram-se dele. 2Então abriu a boca e lhes ensinava, dizendo: 3Bem-aventurados os que têm um coração de pobre, porque deles é o Reino dos céus! 4Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados! 5Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra! 6Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados! 7Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia! 8Bem-aventurados os puros de coração, porque verão Deus! 9Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus! 10Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus! 11Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de mim. 12Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós. (Mt 5, 1-12)

No contrário de Deus, as coisas se encaixam de forma diversa daquela que imaginamos ser. Aos que choram, alegria, aos que tem fome de justiça, saciedade, aos que tem um coração puro a visão beatífica...
Temos que sempre nos confrontarmos com o dado da felicidade que não desampara ninguém, mas serve de alento para a desesperança.

01 novembro 2010

Os cristãos e a política*

Um dos equívocos da intelectualidade moderna foi imaginar que poderia transformar a religião numa questão privada, numa prática quase doméstica, num conjunto de valores dos quais as pessoas teriam vergonha de dizer que tem vínculo. Para forçar essa situação, largas faixas dos iluministas criaram o mito de que religião era sinônimo de ignorância, obscurantismo, superstição. Espalharam a mentira de que o cristianismo (o grande objeto da ira deles) era avesso à razão e que quanto mais rápida e profundamente nos livrássemos de sua influência, mais alcançaríamos a maioridade ética, intelectual, estética, política.

Ainda hoje, quem lê o material didático da esmagadora maioria das nossas escolas pode observar que a religião cristã é retratada da pior maneira possível. Inimiga da ciência e perseguidora implacável, são duas características obsessivamente repetidas pelos subprodutos do iluminismo na sala de aula. As pesquisas sobre o tema de autores como Jacques Le Goff, Paul Johnson, Michael Novak, Thomas Woods e tantos outros jamais chegam ao ambiente escolar brasileiro, o que só contribui para que continuemos nas trevas.

O fato é que dois séculos depois, os cristãos continuam, mesmo que de forma variada, atentos ao que acontece nas suas comunidades nacionais. E não poderia deixar de ser assim, pois os preceitos do cristianismo compreendem a história como âmbito no qual os fiéis buscarão a salvação. Sabemos que as igrejas cristãs acreditam que sua principal missão é a salvação eterna dos homens. Essa missão, porém, tem início já neste mundo, através de ações que visem a conformar os homens ao espírito do evangelho. Por isso, sua missão evangelizadora exige das comunidades cristãs uma preocupação com o meio no qual o homem está inserido. A missão espiritual dos cristãos exige deles uma solicitude social para com o homem, ou seja, à sua missão salvífica corresponde, necessariamente, uma missão temporal de libertação e humanização, uma vez que o ser humano não é um ser isolado, mas aberto à relação com os outros, ou seja, é, por natureza, um ser social. Nesse sentido, a ação cristã no espaço público é condição para o exercício pleno da fé.

Períodos eleitorais são especialmente importantes para os cristãos, pois a experiência internacional ao longo do século XX já mostrou que quanto mais afastados eles ficam da política mais abrem espaços para aqueles que desejam silenciá-los e atacar a sua base de valores. Um argumento muito comum aos seus inimigos é aquele que afirma que o Estado é laico e que não devemos misturar religião e política. Ora, é claro que o Estado é laico e que deve continuar sendo. Mas, isso não significa que os debates públicos que estruturam esse mesmo Estado possam excluir da discussão, no caso brasileiro, mais de 90% da população. Também seria apostar na esquizofrenia, como padrão de conduta, exigir que o cidadão seja cristão dentro de casa e do templo e seja outra pessoa na hora de se posicionar no espaço público.

Não, senhores. Todos nós, cristãos ou não, devemos participar do debate com a totalidade dos nossos valores (éticos, estéticos, religiosos, políticos, ideológicos) e não adianta insinuar que nesse debate os pressupostos religiosos são inferiores aos não religiosos, pois isso é desonestidade ou ignorância. O debate público é feito, sim, de racionalidade (e isso os cristãos têm de sobra, pois são dois mil anos de muita reflexão intelectual), mas não se limita a isso.

Os países mais prósperos e livres do mundo têm populações compostas por amplas maiorias cristãs, o que significa que as afinidades entre cristianismo e modernidade podem ser colocadas a serviço do bem comum. No caso brasileiro, ao contrário do que afirmam seus detratores, a ação dos cristãos é absolutamente necessária para combater o autoritarismo crescente e as tentativas de implantação de uma cultura de morte no país. Os verdadeiros cristãos não podem fugir desse tipo de combate, sob pena de voltarem a desenhar peixes na areia, como quando eram perseguidos no mundo antigo.


*Por Rodorval Ramalho, extraído do site Cinform.com.br.

31 outubro 2010

O Senhor, amigo da vida!

A Palavra de Deus desse Domingo, o 31° do Tempo Comum, é um convite a refletirmos e colocarmos em consonância a nossa vida com o projeto de Deus para nós, ou seja para que tenhamos vida em abundância.
Na primeira leitura, extraída do Livro da Sabedoria, vemos um discurso voltado ao povo exalatando o Senhor como Deus da vida, e de todo o criado. Nesse todo criado nada escpa ao seus olhos e somos convidados a voltarmos o olhar para Deus e reconhecer nele o princípio e fim de todas as coisas.
no Evangelho de Lucas, Jesus se encontra com Zaqueu e manifesta toda a gratuidade de um amor que não está vinculado a preconceitos ou preferencias, mas principalmente na capacidades que as pessoas tem de mudar a realidade que se lhes acercam. Cristo é o Deus encarnado que veio resgatar os perdidos, e propor a cada um que aceita recebê-lo em sua "casa", aqui entendamos a nossa vida, uma mudança de atitude frente à verdade, e ao que abraça a Verdade, que é Ele mesmo, Jesus, a garantia da salvação.
Portanto, Jesus deseja entrar na nossa existência, caso permitamos faremos a experiência de Deus que habita em nós, age através de nós, e manifesta o seu amor pelas nossas mãos. Abramo-nos e façamos de nós motivo de alegria e salavação para todos os que se nos achegarem, pois assim estaremos promovendo vida, vida que não se resume a pessoas adultas e/ou natureza, mas a vida fecundada, que tem direito de nascer, a vida que está no seu ocaso que tem direito chagar ao seu termo na dignidade de pessoa, a vida que está machucada na prostituição, nos vícios, nas sargetas, nas realidades duras de indignidade promovida pelo nosso silêncio, pela nossa conveniência, pelo nosso modo funesto de se portar frente ao bem maior e fundamental que é o viver e deixar viver.

30 outubro 2010

Política e Fé se tocam

Cidade do Vaticano, 30 out (RV) - Os brasileiros retornam às urnas neste fim de semana para o segundo turno das eleições que determinarão quem será o próximo presidente do Brasil e em alguns Estados o governador.

Uma campanha eleitoral longa, difícil e em muitos casos demais de agressiva. Agora chegou o momento decisivo, e o povo brasileiro é chamado a dar a sua resposta a tantas indagações, a tantas perguntas que ainda não tiveram respostas. Quem será o novo líder do Brasil? O Brasil mudará, crescerá ainda mais? O pobre terá o seu lugar em uma sociedade onde a economia cresce a olhos vistos? A dignidade da pessoa será o centro da atenção das novas políticas? A religião continuará a cumprir com o seu papel, ou continuará, como em muitos casos, vista como algo individual e não coletivo.

Política e fé se tocam, reafirmou nesta semana o Papa Bento XVI no seu discurso aos bispos do Regional Nordeste 5 da CNBB, quase reafirmando a posição tomada nos meses passados pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que através de sua Presidência, sublinhou que a mesma “não indica nenhum candidato, e que a escolha é um ato livre e consciente de cada cidadão”. Diante de tão grande responsabilidade, exortou os fiéis católicos a terem presentes critérios éticos, entre os quais se incluem especialmente o respeito incondicional à vida, à família, à liberdade religiosa e à dignidade humana.

O Papa, como representante de Cristo, fez presente aos nossos ouvidos a frase do Senhor “Daí a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. No seu discurso aos bispos brasileiros Bento XVI deixou claro que a missão da política, como significa o próprio termo, é cuidar das coisas terrenas, da Cidade dos Homens, como dizia Santo Agostinho, mas, ao mesmo tempo, tendo consciência de que esse cuidar deve ter como orientação a dimensão espiritual do Homem sua pertença a Deus. Por isso, principalmente nesta véspera de eleições, o espiritual deverá iluminar a consciência que, guiada pelos princípios cristãos, elegerá quem conduzirá a Pátria nos próximos anos.

Concluímos com as palavras do Santo Padre que confiou a Nossa Senhora Aparecida, os anseios da Igreja Católica na Terra de Santa Cruz e de todos os homens de boa vontade em defesa dos valores da vida humana e da sua transcendência, junto com as alegrias e esperanças, as tristezas e angústias dos homens e mulheres do nosso país. (SP)

29 outubro 2010

Defender os valores fundamentais, um ato democrático.

Segue na íntegra o discurso do Papa aos bispos do Regional Nordeste 5 (formado pelo Estado do Maranhão), em visita ad Limina, recebidos esta manhã, no Vaticano.


Amados Irmãos no Episcopado,

«Para vós, graça e paz da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo» (2 Cor 1, 2). Desejo antes de mais nada agradecer a Deus pelo vosso zelo e dedicação a Cristo e à sua Igreja que cresce no Regional Nordeste 5. Lendo os vossos relatórios, pude dar-me conta dos problemas de caráter religioso e pastoral, além de humano e social, com que deveis medir-vos diariamente. O quadro geral tem as suas sombras, mas tem também sinais de esperança, como Dom Xavier Gilles acaba de referir na saudação que me dirigiu, dando livre curso aos sentimentos de todos vós e do vosso povo.

Como sabeis, nos sucessivos encontros com os diversos Regionais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, tenho sublinhado diferentes âmbitos e respectivos agentes do multiforme serviço evangelizador e pastoral da Igreja na vossa grande Nação; hoje, gostaria de falar-vos de como a Igreja, na sua missão de fecundar e fermentar a sociedade humana com o Evangelho, ensina ao homem a sua dignidade de filho de Deus e a sua vocação à união com todos os homens, das quais decorrem as exigências da justiça e da paz social, conforme à sabedoria divina.

Entretanto, o dever imediato de trabalhar por uma ordem social justa é próprio dos fiéis leigos, que, como cidadãos livres e responsáveis, se empenham em contribuir para a reta configuração da vida social, no respeito da sua legítima autonomia e da ordem moral natural (cf. Deus caritas est, 29). O vosso dever como Bispos junto com o vosso clero é mediato, enquanto vos compete contribuir para a purificação da razão e o despertar das forças morais necessárias para a construção de uma sociedade justa e fraterna. Quando, porém, os direitos fundamentais da pessoa ou a salvação das almas o exigirem, os pastores têm o grave dever de emitir um juízo moral, mesmo em matérias políticas (cf. GS, 76).

Ao formular esses juízos, os pastores devem levar em conta o valor absoluto daqueles preceitos morais negativos que declaram moralmente inaceitável a escolha de uma determinada ação intrinsecamente má e incompatível com a dignidade da pessoa; tal escolha não pode ser resgatada pela bondade de qualquer fim, intenção, conseqüência ou circunstância. Portanto, seria totalmente falsa e ilusória qualquer defesa dos direitos humanos políticos, econômicos e sociais que não compreendesse a enérgica defesa do direito à vida desde a concepção até à morte natural (cf. Christifideles laici, 38). Além disso no quadro do empenho pelos mais fracos e os mais indefesos, quem é mais inerme que um nascituro ou um doente em estado vegetativo ou terminal? Quando os projetos políticos contemplam, aberta ou veladamente, a descriminalização do aborto ou da eutanásia, o ideal democrático – que só é verdadeiramente tal quando reconhece e tutela a dignidade de toda a pessoa humana – é atraiçoado nas suas bases (cf. Evangelium vitæ, 74). Portanto, caros Irmãos no episcopado, ao defender a vida «não devemos temer a oposição e a impopularidade, recusando qualquer compromisso e ambigüidade que nos conformem com a mentalidade deste mundo» (ibidem, 82).

Além disso, para melhor ajudar os leigos a viverem o seu empenho cristão e sócio-político de um modo unitário e coerente, é «necessária — como vos disse em Aparecida — uma catequese social e uma adequada formação na doutrina social da Igreja, sendo muito útil para isso o "Compêndio da Doutrina Social da Igreja"» (Discurso inaugural da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, 3). Isto significa também que em determinadas ocasiões, os pastores devem mesmo lembrar a todos os cidadãos o direito, que é também um dever, de usar livremente o próprio voto para a promoção do bem comum (cf. GS, 75).
Neste ponto, política e fé se tocam. A fé tem, sem dúvida, a sua natureza específica de encontro com o Deus vivo que abre novos horizontes muito para além do âmbito próprio da razão. «Com efeito, sem a correção oferecida pela religião até a razão pode tornar-se vítima de ambigüidades, como acontece quando ela é manipulada pela ideologia, ou então aplicada de uma maneira parcial, sem ter em consideração plenamente a dignidade da pessoa humana» (Viagem Apostólica ao Reino Unido, Encontro com as autoridades civis, 17-IX-2010).

Só respeitando, promovendo e ensinando incansavelmente a natureza transcendente da pessoa humana é que uma sociedade pode ser construída. Assim, Deus deve «encontrar lugar também na esfera pública, nomeadamente nas dimensões cultural, social, econômica e particularmente política» (Caritas in veritate, 56). Por isso, amados Irmãos, uno a minha voz à vossa num vivo apelo a favor da educação religiosa, e mais concretamente do ensino confessional e plural da religião, na escola pública do Estado.

Queria ainda recordar que a presença de símbolos religiosos na vida pública é ao mesmo tempo lembrança da transcendência do homem e garantia do seu respeito. Eles têm um valor particular, no caso do Brasil, em que a religião católica é parte integral da sua história. Como não pensar neste momento na imagem de Jesus Cristo com os braços estendidos sobre a baía da Guanabara que representa a hospitalidade e o amor com que o Brasil sempre soube abrir seus braços a homens e mulheres perseguidos e necessitados provenientes de todo o mundo? Foi nessa presença de Jesus na vida brasileira, que eles se integraram harmonicamente na sociedade, contribuindo ao enriquecimento da cultura, ao crescimento econômico e ao espírito de solidariedade e liberdade.

Amados Irmãos, confio à Mãe de Deus e nossa, invocada no Brasil sob o título de Nossa Senhora Aparecida, estes anseios da Igreja Católica na Terra de Santa Cruz e de todos os homens de boa vontade em defesa dos valores da vida humana e da sua transcendência, junto com as alegrias e esperanças, as tristezas e angústias dos homens e mulheres da província eclesiástica do Maranhão. A todos coloco sob a Sua materna proteção, e a vós e ao vosso povo concedo a minha Benção Apostólica.
 
fonte: www.vatican.va

25 outubro 2010

O Roubo do Infinito

Por esses dias tive acesso a um texto de Mario Quintana sobre o aborto que muito me chamou a atenção, principalmente uma frase em especial. Dizia ele: "O aborto não é, como dizem, simplesmente um assassinato. É um roubo... Nem pode haver roubo maior. Porque, ao malogrado nascituro, rouba-se-lhe este mundo, o céu, as estrelas, o universo, tudo. O aborto é o roubo infinito".
Roubar o infinito é extremamente conflitante, pois, tirar o que é eterno é tomar para si os poderes de Deus, é fazer-se soberano, é colocar-se numa condição de superioridade a todo criado. Quando nos permitimos isso perdemos o senso do humano, e entramos num processo de plena discordância com o que somos e com o que aquilo que queremos. Ouvimos das pessoas em geral os mais sinceros sentimentos de se bem estar, de solidariedade, de que as pessoas sejam felizes... porém comungar com idéias abortistas é a mais pura hiprocrisia, pois tudo de bom que foi cultivado pelas palavras de bem estar, torna-se vazia nas atitudes e idéias que comungam com a morte.
Vamos permitir a vida florescer ao invéns de nos tornarmos ladrões e ladras de infinitos... vamos permitir que a vida se faça vida... vamos permitir que o ser seja em plenitude de vida, pois como disse Fernando Sabino: Matar não é tão grave como impedir que alguém nasça, tirar a sua única oportunidade de ser. O aborto é o mais horrendo e abjeto dos crimes. Nada mais terrível do que não ter nascido!

24 outubro 2010

A medida é não medir

É interessante perceber a capacidade que temos de medir os outros com as nossas medidas que nem sempre são medidas justas, honestas e verdadeiras. No Evanegelho desse domingo, o 30º do Tempo Comum, temos a figura do fariseu e do Cobrador de Impostos inseridos numa parábola que Jesus conta para mostrar aos ouvintes, discípulos e quem mais interessar, o que realmente importa, ou seja, a capacidade de se colocar diante de Deus sem se vangloriar, medir ou comparar com os outros, mas. simplesmente consigo mesmo, seus atos e consciência.

"9Jesus contou esta parábola para alguns que confiavam na sua própria justiça e desprezavam os outros: 10"Dois homens subiram ao templo para rezar: um era fariseu, o outro cobrador de impostos. 11O fariseu, de, pé, rezava assim em seu íntimo: 'Ó Deus, eu te agradeço porque não sou como os outros homens, ladrões, desonestos, adúlteros, nem como este cobrador de impostos. 12Eu jejuo duas vezes por semana, e dou o dízimo de toda a minha renda'. 13O cobrador de impostos, porém, ficou à distância, e nem se atrevia a levantar os olhos para o céu; mas batia no peito, dizendo: 'Meu Deus, tem piedade de mim que sou pecador!' 14Eu vos digo: este último voltou para casa justificado, o outro não. Pois quem se eleva será humilhado, e quem se humilha será elevado". (Lc 18, 9-14)

Sendo assim, o Senhor nos faz repensar nossas atitudes frente ao julgamento desprecavido de autoridade e de responsabilidade, pois como diz o livro do Eclesiástico: O Senhor é um juiz que não faz discriminação de pessoas. (Eclo 35, 15) Um dos maiores desafios que podemos ter é conviver com o diferente, com o que erra, com o que não se encaixa nos parâmetros da nossa régua, dos nossos níveis de medição particular e individual e da nossa pitada de maldade inserida em tal julgamento ou realidade.

Vençamos pelo exercício da humildade e caridade os resquicios de soberba, avareza, auto-suficiência e de falta de compaixão.

23 outubro 2010

O Lugar do “Logos” de Deus em Jesus Cristo

***

“In principio erat Verbum, et Verbum erat apud Deum, et Deus erat Verbum. Et Verbum caro factum est et habitavit in nobis”. (Jo 1, 1.14)

“No Princípio era o Verbo e o Verbo estava em Deus e o Verbo era Deus. E o Verbo se fez carne e habitou entre nós”. (Jo 1, 1. 14)

Temos no prólogo do Evangelho de São João, o único evangelista que trata Jesus Cristo como o Verbo – Logos, nos seus escritos no Novo Testamento. A palavra de Jesus, ou seja, a palavra anunciada por ele, desempenha em todo o Evangelho de João um papel tão importante que quase não pode admitir-se que o evangelista deixa de pensar nesta “Palavra” quando no prólogo identifica o Logos com Jesus. Jesus não somente traz a revelação, mas, ele é a revelação.
“No princípio Deus criou o céu e a terra... e um sopro de Deus agitava a superfície das águas. Deus disse...” (Gn 1,1-3).


A palavra de Deus é ação concreta, ela constrói, edifica, dá vida, origina, e é lá, na própria palavra que se encontra o Verbo criador, que, seguindo a ordem do Criador, tudo realiza. Mas poderíamos nos perguntar: de onde João buscou elementos para fazer essa analogia do Cristo Jesus, como o Logos de Deus, que se encarna e habita em nosso meio?
Sabemos que nos situamos no tempo e no espaço. Com o Discípulo amado não foi diferente. Para explicar a origem da noção joanina do Logos, devemos contar com a probabilidade de três esferas de influências:

1 – Heráclito: Os filósofos estóicos foram os primeiros a considerar a filosofia um sistema, isto é, um todo, ensinando que a sua divisão em partes tem finalidade puramente didática.
No que diz respeito à física, descreveram um princípio que chamaram de pneuma (sopro vital que Heráclito atribuiu ao fogo), que está em todo o universo, no céu e na terra; trata-se de uma espécie de fluido que age por tensão (tonus), como se fosse um campo de força, mantendo unidas as partes do universo, impedindo, assim, que elas se dispersem no vazio; mantém também a individualidade de cada ser como se fosse a sua alma. É o Logos, a alma do mundo, que é corpórea e penetra toda matéria.
Heráclito afirma a unidade de todas as coisas: do separado e do não separado, do gerado e do não gerado, do mortal e do imortal, do Logos e do eterno, do pai e do filho, de Deus e da injustiça. “É sábio que os que ouviram, não a mim, mas ao Logos, reconheçam que todas as coisas são um”.
O que diz o Logos, do qual Heráclito se faz o anunciador e em nome do qual condena o torpor da multidão ou a polimatia dos supostos sábios, é isto: a unidade fundamental de todas as coisas. Essa é “a natureza que gosta de se ocultar”. Mas a noção de unidade fundamental, subjacente à multiplicidade aparente, já estava expressa pelo menos desde Anaximandro de Mileto. A novidade trazida por Heráclito - e que lhe permite julgar tão duramente seus antecessores e contemporâneos - está, na verdade, em considerar aquela unidade como uma unidade de tensões opostas. Esta teria sido sua grande descoberta: existe uma harmonia oculta das forças opostas, “como a do arco e da lira”. A Razão (Logos) consistiria precisamente na unidade profunda que as oposições aparentes ocultam e sugerem: os contrários, em todos os níveis da realidade, seriam aspectos inerentes a essa unidade. Não se trata, pois, de opor o Um ao Múltiplo, como Xenófanes e o eleatismo: o Um penetra o Múltiplo e a multiplicidade é apenas uma forma da unidade, ou melhor, a própria unidade. Daí a insuficiência do uso corrente das palavras: somente o logos (razão-discurso) do filósofo consegue apreender e formular - não ao ouvido, mas, ao espírito, não diretamente, mas, por via de sugestões sibilinas - aquela simultaneidade do múltiplo (mostrado pelos sentidos) e da unidade fundamental (descortinada pela inteligência desperta, em “vigília”).
Proclama Heráclito: “É sábio escutar não a mim, mas a meu discurso (logos), e confessar que todas as coisas são Um”. O Logos seria a unidade nas mudanças e nas tensões, a reger todos os planos da realidade: o físico, o biológico, o psicológico, o político, o moral. É a unidade nas transformações: “Deus é dia-noite, inverno-verão, guerra-paz, superabundância-fome; mas ele assume formas variadas, do mesmo modo que o fogo, quando misturado a arômatas, é denominado segundo os perfumes de cada um deles”. Numa série de aforismos, Heráclito enfatiza o caráter mutável da realidade, repetindo uma tese que já surgira nos mitos arcaicos e, com dimensão filosófica, desde os milesianos. Mas em Heráclito a noção de fluxo universal torna-se um mote insistentemente glosado: “Tu não podes descer duas vezes no mesmo rio, porque novas águas correm sempre sobre ti”. O império do Logos em sua feição física aparece então como as transformações do fogo, que são “em primeiro lugar, mar; e a metade do mar é terra e a outra metade vento turbilhonante”. O Logos-Fogo exerce uma função de racionalização nas trocas substanciais análoga à que a moeda vinha desempenhando na Grécia, desde o século VII: “Todas as coisas são trocadas em fogo e o fogo se troca em todas as coisas, como as mercadorias se trocam por ouro e o ouro é trocado por mercadorias”. Todavia, as transformações que integram o fluxo universal não significam desgoverno e desordem; elo contrário, o Logos-Fogo é também Razão universal e, por isso, impõe medida ao fluxo: “Este mundo (...) foi sempre, é e será sempre um fogo eternamente vivo, que se acende com medida e se apaga com medida”. A regularidade e a medida são garantidas pela simultaneidade dos dois caminhos de transformação que compõem o fluxo universal: é ao mesmo tempo que ocorre a troca do fogo em todas as coisas e de todas as coisas em fogo, pois “o caminho para o alto e o caminho para baixo são um e o mesmo”. Isso permite então afirmar: “...e a, metade do mar é terra, a metade vento turbilhonante”. Assim, o que garante a tensão intrínseca às coisas é aquilo mesmo que as sustenta: a medida imposta pelo Logos, essa “harmonia oculta” que “vale mais que harmonia aberta”.
São João que morava em Efeso, pode ter empregado essa palavra assaz divulgada, embora dando-lhe um outro conteúdo. Visto que o termo Logos, constitui uma noção importante e vários sistemas gnósticos, os quais aliás, muitas vezes alegam o texto de S. João, alguns críticos – Reitzenstein, Shaeder, Bousset, Bultmann – opinaram que todos aqueles sistemas, como também São João – e até a doutrina dos livros sapienciais – tiveram a sua raiz numa doutrina comum gnóstica – sobre um ser divino, enviado pelo Deus supremo a fim de revelar o conhecimento de Deus e de ser intermediário da salvação.
Primeiramente devemos observar que nenhum texto gnóstico hoje conhecido pode ser considerado como fonte do quarto Evangelho, ao passo que vários gnósticos dependem do prólogo joanino. A existência de uma gnose pré-cristã, judaica, continua hipotética; de outro lado deve-se supor que o termo originariamente filosófico de Logos se enriqueceu sincreticamente com toda a espécie de noções mitológicas. São João pode ter lançado mão de tal termo que, portanto, pode ser qualificado vagamente como “gnóstico”, mas foi para formular as suas próprias idéias teológicas.
2 – Judaísmo: Quanto ao Judaísmo, alega-se a expressão “memrã” (palavra) do Senhor, nos targuns. Essa formula substitui o nome “Javé”, para salvaguardar a transcendência divina. Essa “memrã” no entanto, não se deve interpretar como uma hipóstase divina, quando muito pode tratar-se de uma personificação poética, como afirma Hamp. De outro lado é em possível que São João tenha ouvido a expressão “’memrã’ do Senhor” no culto sinagogal, nas paráfrases aramaicas da Torah ou dos profetas, isso poderia explicar o uso do termo em Apocalipse 19, 13: “... e o nome com que é chamado é Verbo de Deus”.
Unicamente no campo da concepção Alexandrina, no judaísmo helenístico, é que encontramos verdadeiramente o Logos ou a sabedoria convertidos em hipóstases. A própria Sabedoria diz: “O Senhor me criou no início de sua obra, antes de suas obras mais antigas. Desde a eternidade fui estabelecida, desde o princípio, antes do começo da terra... antes de haver abismos, eu nasci, e antes ainda de haver fontes carregadas de água. Antes que os montes fossem firmados, antes de haver outeiros, eu nasci. Ainda Ele não tinha feito a terra, nem as amplidões, nem sequer o princípio do pó do mundo” (Pr 8, 22-26). Num outro texto vai falar que a Sabedoria é um “reflexo da luz eterna de Deus” (Pr 7, 26).
3 – Novo Testamento, como continuação conseqüente das idéias do Antigo Testamento: São João pode ter usado a palavra Logos para indicar a própria natureza de Cristo, explicada à luz da evolução da noção vétero-testamentária da revelação divina: Palavra de Deus – Dt 30, 11-14; 32, 47; Sl 147, 19; no Novo Testamento os sinóticos empregam o termo, Logos, para “a boa-nova” – Mc 2, 2; 4, 33; 16, 20; Lc 1, 2; 5, 1, embora com reserva. Temos ainda : “Mensagem de Deus”, At 4, 31; 6, 2; “Deus envia seu Logos”, Sl 106, 20. No Logos do Prólogo São João vê o supremo revelador do Deus invisível (Jo 1, 18) e ao mesmo tempo, numa pessoa da mesma essência, o próprio conteúdo objetivo da revelação.
A atribuição a Jesus do título Logos é, certamente, antes fruto de uma reflexão teológica, que pressupõe também a experiência litúrgica da soberania do Cristo. Ele, Cristo, não traz a Palavra, Ele é a Palavra. No evangelho de João, a idéia teológica anunciada acerca do Logos conduz diretamente ao Logos que se encarnou em Jesus. Deus falava no Antigo Testamento à revelação por excelência que é o Filho, reflexo da glória divina. O que Jesus faz é o que ele mesmo é.
O autor, que colocou este prólogo no começo de seu Evangelho sabe que, ao designar a pessoa histórica de Jesus de Nazaré como o Logos, anuncia algo tão radicalmente e tão novo que pode, serenamente, sem temer um mal entendido filosófico e especulativo, tomar e utilizar o que, no tocante ao Logos, autores não cristãos haviam ensinado em sua época ou ainda antes. Quando o evangelista fala do Logos pensa automaticamente em Jesus de Nazaré encarnado, no Verbo feito carne, e que é nesta vida humana de Jesus, a revelação definitiva de Deus ao mundo, algo impensável fora do cristianismo, mesmo que empregue o mesmo termo. Não é o Logos estóico abstrato, nem o Logos mitológico; mas um Logos que se torna homem e que, justamente por esta razão, é o Logos.
João sustenta que os gregos falavam do Logos sem conhecê-lo, porquanto estes ignoravam o Logos feito carne. Porém, de um ponto de vista puramente formal, o que eles ensinavam acerca dele era exato. Nisto consiste o universalismo do Evangelho de João: ver a Cristo onde pagãos ensinavam uma verdade; este mesmo Cristo que, num momento determinado da história, se fez homem.
Logo, podemos dizer que: para o Novo Testamento a cristologia do Logos é constituída pelos dois elementos seguinte: o primordial é a certeza de ser a vida de Jesus o centro de toda a revelação de Deus, portanto a certeza de que Jesus é, em sua própria pessoa, aquilo que ele prega e ensina; com o auxilio do relato do Gênesis, que narra a criação pela “Palavra”, uma reflexão teológica acerca da origem de toda a revelação se apóia sobre esta certeza. O elemento secundário é a utilização de especulações contemporâneas sobre as hipóstases divinas. No entanto, esta utilização não chega a um universalismo sincretista, mas a um universalismo propriamente cristão.


O VERBO NOS ESCRITOS DOS PADRES APOLOGISTAS


Os padres apologistas, entre os quais estão São Justino, Taciano e Teófilo de Antioquia, padres do segundo século da era cristã que receberam este nome por causa de seus escritos mais conhecidos, intitulados Apologias por sustentarem uma defesa do Cristianismo diante de pagãos e judeus, foram também os primeiros a tentarem esboçar uma explicação intelectualmente satisfatória da relação de Cristo para com Deus Pai. A solução que eles propuseram, reduzida aos pontos essenciais, foi que, enquanto pré-existente, Cristo foi o pensamento ou a mente do Pai, e, enquanto manifestado na Criação e na revelação, foi sua extrapolação ou expressão.



S. JUSTINO


O ponto de partida de Justino é que a razão ou Logos germinal é aquilo que une os homens a Deus e lhes dá conhecimento d’Ele. Antes da vinda de Cristo os homens possuíam como que sementes do Logos e foram capazes de chegar a facetas fragmentárias da verdade. O Logos, porém, agora, "tomou forma e se fez carne" em Jesus Cristo, encarnando-se inteiramente n’Ele". O Logos é aqui concebido como a inteligência ou o pensamento racional do Pai; mas Justino afirmou que Ele não era distinto do Pai somente pelo nome, mas era numericamente distinto também.

Que o Verbo é outro que não o Pai pode ser mostrado:

A – Pelas aparições de Deus no Velho Testamento, como por exemplo, a Abraão entre os carvalhos de Manbré, o que sugere que "abaixo do Criador de todas as coisas, existe um outro que é, e é chamado, Deus e Senhor", já que é inconcebível que o "Mestre e Pai de todas as coisas tivesse abandonado todos os seus afazeres supra celestes e se tornado visível em um diminuto recanto do mundo".

B – Pelas freqüentes passagens do Velho Testamento, como por exemplo, em Gênesis 1, 26: "Façamos o homem à nossa imagem e semelhança", que representam Deus como que conversando com um outro, que presumivelmente é um ser racional como Ele mesmo.

C – Pelos textos que tratam da sabedoria, como Provérbios 8,22 e seguintes: "O Senhor possuiu-me no início de seus caminhos, desde o princípio, antes que fizesse suas obras. Na eternidade fui concebida, desde épocas antigas, antes que a terra fosse feita", já que todos concordam que o gerado é diverso do gerante.

O Verbo é divino Embora divers

o do Pai, o Verbo é divino, diz São Justino: "Sendo Verbo e primogênito de Deus, Ele também é Deus". "Assim, portanto, Ele é adorável, Ele é Deus", e "nós adoramos e amamos, depois de Deus, o Logos derivado de Deus incriado e inefável, vendo que por nossa causa Ele se fêz homem".

As funções do Logos

À parte a Encarnação, as funções especiais do Logos são, de acordo com Justino, ser o agente do Pai em criar e ordenar o Universo, e revelar a verdade aos homens.

A natureza do Logos

No que diz respeito à sua natureza, enquanto os outros seres são coisas feitas ou criaturas, o Logos é "gerado" de Deus, sua "criança" e "filho único": "Antes de todas as criaturas", diz ainda Justino, "Deus gerou, no início, uma potência racional além de si mesmo".

Por esta geração, entretanto, Justino não se refere à origem última do Logos ou razão do Pai, o que ele não discute; mas sua emissão para os propósitos da criação e revelação.
Esta geração ou emissão não acarreta, porém, nenhuma separação entre o Pai e seu Filho. Nós observamos em muito a mesma coisa quando um fogo é acendido de outro: o fogo do qual é acendido não é diminuído, mas permanece o mesmo, enquanto que o fogo que é acendido dele é visto existir por si mesmo sem diminuir o fogo original.

TACIANO

Taciano foi discípulo de São Justino e, como seu mestre, falou do Logos como existente do Pai como sua racionalidade e depois, por um ato de Sua vontade, sendo gerado.
Como Justino, também enfatizou a unidade essencial do Verbo com o Pai, usando a mesma imagem da luz acendida com a luz.
Taciano colocou num relevo mais claro do que Justino o contraste entre os dois estados sucessivos do Logos. Antes da criação Deus estava sozinho, o Logos sendo imanente n’Ele como sua potencialidade para criar todas as coisas. Mas no momento da criação Ele saltou fora do Pai como sua "obra primordial". Uma vez gerado, "sendo espírito derivado de espírito, racionalidade de potência racional", Ele serviu como o instrumento do Pai na criação e no governo do Universo, em particular, fazendo os homens à divina imagem.


TEÓFILO DE ANTIOQUIA

A doutrina de Teófilo de Antioquia segue uma linha semelhante à de São Justino. O Verbo não é Filho de Deus no sentido em que os poetas e os romancistas relatam o nascimento dos filhos dos deuses, mas no sentido em que antes que as coisas tivessem existência, Deus o tinha como Seu conselheiro, Sua própria inteligência e pensamento. Mas quando Deus quis criar o que Ele tinha planejado, Ele engendrou o Seu Verbo, o primogênito de toda a Criação.
Assim como Justino, Teófilo considera que as teofanias do Velho testamento foram, de fato, aparições do Logos.
Deus em si mesmo não pode estar contido no espaço e no tempo, e era precisamente a função do verbo que Ele gerou manifestar sua mente e vontade na ordem criada.

Diante disso podemos dizer:

A. A expressão Deus Pai é entendida como a divindade: Para todos os Apologistas a expressão "Deus Pai" não se refere à primeira pessoa da Santíssima Trindade, mas à divindade una considerada como autora de tudo o que existe.

B. A geração do Logos é datada: É comum a todos os Apologistas datarem a geração do verbo, e conseqüentemente, a atribuição que lhe é devida do título de Filho, não a partir de sua origem no seio da Divindade, mas a partir de sua emissão ou geração tendo em vista os propósitos da Criação, Revelação e Redenção.

Conclusão

Tudo foi feito por meio d’Ele e sem Ele, nada foi feito. Em Cristo está concentrada toda a divindade e revelação, pois foi por Ele e por meio da ação de Deus n’Ele que todas as coisas existiram antes de tudo e de todos. Cristo é a revelação do Pai em meio à criação como vem elucidar o apóstolo João.

Tendo percorrido este caminho de reflexão podemos concluir que:

1 – João, tendo influências ou não de outras culturas, utilizou-se de um termo já usado em meio às culturas existentes para dizer que Cristo é o Logos de Deus que, encarnado revela o Pai em toda sua plenitude.
2 – Jesus é a Palavra criadora do Gêneses retomado em João como a Nova Gêneses;
3 – Cristo é a semente do Verbo lançado no meio da criação e aquele que dela se apropriar chega a obter frutos, frutos esses que culminam no conhecimento de Deus através de Cristo, Verbo eterno do Pai.



Bibliografia:


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_________, Idem: 2 Apol. 8,1; 10,2; 13,3; 10,1
_________, Dial. 128,4
_________, Dial. 56,4; 60,2; 62,2; 129,3 ss; 61,3-7; 62,4
_________, 1 Apol. 63,15;
_________, Idem: Dial. 63,5;
_________, Idem: 2 Apol. 13,4
_________, 1 Apol. 59; 64,5; 5,4; 46; 63,10;
_________, Idem: 2 Apol. 6,3; 10,1
_________, 2 Apol. 6,3;
_________, Dial. 62,4; 61,1; 100,2; 125,3; 105,1; 61,2;
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SÊNECA. Obras. Editora Tecnoprint S.A.

Dia Nacional da Juventude - DNJ - 25 anos

Amanhã aqui no Brasil se celebrará o 25º DNJ - Dia Nacional da Juventude - promovido pelo Setor Juventude da CNBB.
Para celebrar a data, o Setor Juventude da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou uma mensagem, assinada pelo bispo referencial do setor, Dom Eduardo Pinheiro, e pelo assessor nacional, Pe. Carlos Sávio da Costa, na qual parabenizam todos os jovens brasileiros.
"Parabéns a todos aqueles e aquelas que, durante esses anos, não só mantiveram acesa a chama deste evento, mas, através dele, impulsionaram um olhar mais carinhoso, verdadeiro e respeitoso com relação à nossa juventude", frisam os representantes do Setor Juventude.
"O mês de outubro, dedicado ao aprofundamento da dimensão missionária da nossa vocação de discípulo, foi escolhido para contemplar um dos maiores eventos dos jovens da Igreja em nosso país: o Dia Nacional da Juventude (DNJ). Estamos comemorando 25 anos de sua existência" – ressalta a nota.
"Percebendo a necessidade de proclamar bem alto a boa-nova de Jesus Cristo, este evento de massa vai às ruas e aos grandes espaços públicos para, juntamente com outras expressões de juventude, cantar a força da vida e mostrar a todos o quanto ainda se tem a aprender com o dinamismo juvenil" - afirma ainda o texto.
A mensagem sublinha que "a juventude é portadora de riquezas imensas, sonhos ousados, coração generoso, espiritualidade vibrante, muita energia e criatividade, e não podemos deixar que a violência social e cultural comprometa o presente que Deus nos concede com a vida dos jovens para a vida de nosso povo".
Na conclusão os responsáveis pelo Setor Juventude da CNBB convidam todos os brasileiros a renovarem "a paixão pela juventude motivando-a, sobretudo, à paixão por Aquele que, chamando-nos de amigos, se coloca como o único Caminho, Verdade e Vida".
Lembro-me com alegria desses momentos vividos na Diocese de Propriá-SE. Foram momentos que marcaram não só uma época da Diocese, mas pricipalmente a vida de muitos jovens... jovens esses que não tiveram a vida pautada na religiosidade, mas quem se lembram dos "Encontros de Jovens" que aconteciam todos os anos no mês de outubro, fazendo-nos refletir seriamente sobre a possibilidade de ter sido ali, naquele dia, que pela primeira ou ultima vez, muitos jovens ouviram falar da Pessoa de Jesus.
Espero que esse dia festivo para a Juventude do Brasil possa se perpetuar como um dia de alegria, lutas e esperanças...
* maiores informações: www.cnbb.org.br

21 outubro 2010

Padre Marcelo Rossi - Evangelizador Moderno do ano

É interessante como a vida é cheia de surpresas. Padre Marcelo Rossi recebe no Vaticano das mãos do Papa Bento XVI o prêmio de Evangelizador Moderno do ano, colocando em cheque vários discursos contrários ao seu modo de Evangelizar.
Criticado, contestado, visto como um incentivador de "oba, oba" na Igreja Católica, é reconhecido pela máxima autoridade da Igreja, "calando a boca" de quem por ciúmes não permitiu que ele se aproximasse de Bento XVI na sua visita ao Brasil em 2007. Esperemos que com esse reconhecimento da Igreja Católica ao Padre Marcelo, seja reconhecido que carisma é um dom de Deus concedido para fazer com que as pessoas se sintam atraídas pelo novo, diferente, mesmo que aos olhos de muitos isso não seja bem visto ou compreendido.
Parabéns ao Padre Marcelo e ao Brasil pela diversidade de carismas, e modos e evangelizar. 

18 outubro 2010

Carta do Papa Bento XVI aos Seminaristas

Queridos Seminaristas,



Em Dezembro de 1944, quando fui chamado para o serviço militar, o comandante de companhia perguntou a cada um de nós a profissão que sonhava ter no futuro. Respondi que queria tornar-me sacerdote católico. O subtenente replicou: Nesse caso, convém-lhe procurar outra coisa qualquer; na nova Alemanha, já não há necessidade de padres. Eu sabia que esta «nova Alemanha» estava já no fim e que, depois das enormes devastações causadas por aquela loucura no país, mais do que nunca haveria necessidade de sacerdotes. Hoje, a situação é completamente diversa; porém de vários modos, mesmo em nossos dias, muitos pensam que o sacerdócio católico não seja uma «profissão» do futuro, antes pertenceria já ao passado. Contrariando tais objeções e opiniões, vós, queridos amigos, decidistes-vos a entrar no Seminário, encaminhando-vos assim para o ministério sacerdotal na Igreja Católica. E fizestes bem, porque os homens sempre terão necessidade de Deus – mesmo na época do predomínio da técnica no mundo e da globalização –, do Deus que Se mostrou a nós em Jesus Cristo e nos reúne na Igreja universal, para aprender, com Ele e por meio d’Ele, a verdadeira vida e manter presentes e tornar eficazes os critérios da verdadeira humanidade. Sempre que o homem deixa de ter a noção de Deus, a vida torna-se vazia; tudo é insuficiente. Depois o homem busca refúgio na alienação ou na violência, ameaça esta que recai cada vez mais sobre a própria juventude. Deus vive; criou cada um de nós e, por conseguinte, conhece a todos. É tão grande que tem tempo para as nossas coisas mais insignificantes: «Até os cabelos da vossa cabeça estão contados». Deus vive, e precisa de homens que vivam para Ele e O levem aos outros. Sim, tem sentido tornar-se sacerdote: o mundo tem necessidade de sacerdotes, de pastores hoje, amanhã e sempre enquanto existir.

O Seminário é uma comunidade que caminha para o serviço sacerdotal. Nestas palavras, disse já algo de muito importante: uma pessoa não se torna sacerdote, sozinha. É necessária a «comunidade dos discípulos», o conjunto daqueles que querem servir a Igreja de todos. Com esta carta, quero evidenciar – olhando retrospectivamente também para o meu tempo de Seminário – alguns elementos importantes para o vosso caminho a fazer nestes anos.

1. Quem quer tornar-se sacerdote, deve ser sobretudo um «homem de Deus», como o apresenta São Paulo (1 Tm 6, 11). Para nós, Deus não é uma hipótese remota, não é um desconhecido que se retirou depois do «big-bang». Deus mostrou-Se em Jesus Cristo. No rosto de Jesus Cristo, vemos o rosto de Deus. Nas suas palavras, ouvimos o próprio Deus a falar conosco. Por isso, o elemento mais importante no caminho para o sacerdócio e ao longo de toda a vida sacerdotal é a relação pessoal com Deus em Jesus Cristo. O sacerdote não é o administrador de uma associação qualquer, cujo número de membros se procura manter e aumentar. É o mensageiro de Deus no meio dos homens; quer conduzir a Deus, e assim fazer crescer também a verdadeira comunhão dos homens entre si. Por isso, queridos amigos, é muito importante aprenderdes a viver em permanente contacto com Deus. Quando o Senhor fala de «orar sempre», naturalmente não pede para estarmos continuamente a rezar por palavras, mas para conservarmos sempre o contacto interior com Deus. Exercitar-se neste contacto é o sentido da nossa oração. Por isso, é importante que o dia comece e acabe com a oração; que escutemos Deus na leitura da Sagrada Escritura; que Lhe digamos os nossos desejos e as nossas esperanças, as nossas alegrias e sofrimentos, os nossos erros e o nosso agradecimento por cada coisa bela e boa, e que deste modo sempre O tenhamos diante dos nossos olhos como ponto de referência da nossa vida. Assim tornamo-nos sensíveis aos nossos erros e aprendemos a trabalhar para nos melhorarmos; mas tornamo-nos sensíveis também a tudo o que de belo e bom recebemos habitualmente cada dia, e assim cresce a gratidão. E, com a gratidão, cresce a alegria pelo fato de que Deus está perto de nós e podemos servi-Lo.

2. Para nós, Deus não é só uma palavra. Nos sacramentos, dá-Se pessoalmente a nós, através de elementos corporais. O centro da nossa relação com Deus e da configuração da nossa vida é a Eucaristia; celebrá-la com íntima participação e assim encontrar Cristo em pessoa deve ser o centro de todas as nossas jornadas. Para além do mais, São Cipriano interpretou a súplica do Evangelho «o pão nosso de cada dia nos dai hoje», dizendo que o pão «nosso», que, como cristãos, podemos receber na Igreja, é precisamente Jesus eucarístico. Por conseguinte, na referida súplica do Pai Nosso, pedimos que Ele nos conceda cada dia este pão «nosso»; que o mesmo seja sempre o alimento da nossa vida, que Cristo ressuscitado, que Se nos dá na Eucaristia, plasme verdadeiramente toda a nossa vida com o esplendor do seu amor divino. Para uma reta celebração eucarística, é necessário aprendermos também a conhecer, compreender e amar a liturgia da Igreja na sua forma concreta. Na liturgia, rezamos com os fiéis de todos os séculos; passado, presente e futuro encontram-se num único grande coro de oração. A partir do meu próprio caminho, posso afirmar que é entusiasmante aprender a compreender pouco a pouco como tudo isto foi crescendo, quanta experiência de fé há na estrutura da liturgia da Missa, quantas gerações a formaram rezando.

3. Importante é também o sacramento da Penitência. Ensina a olhar-me do ponto de vista de Deus e obriga-me a ser honesto comigo mesmo; leva-me à humildade. Uma vez o Cura d’Ars disse: Pensais que não tem sentido obter a absolvição hoje, sabendo entretanto que amanhã fareis de novo os mesmos pecados. Mas – assim disse ele – o próprio Deus neste momento esquece os vossos pecados de amanhã, para vos dar a sua graça hoje. Embora tenhamos de lutar continuamente contra os mesmos erros, é importante opor-se ao embrutecimento da alma, à indiferença que se resigna com o facto de sermos feitos assim. Na grata certeza de que Deus me perdoa sempre de novo, é importante continuar a caminhar, sem cair em escrúpulos mas também sem cair na indiferença, que já não me faria lutar pela santidade e o aperfeiçoamento. E, deixando-me perdoar, aprendo também a perdoar aos outros; reconhecendo a minha miséria, também me torno mais tolerante e compreensivo com as fraquezas do próximo.

4. Mantende em vós também a sensibilidade pela piedade popular, que, apesar de diversa em todas as culturas, é sempre também muito semelhante, porque, no fim de contas, o coração do homem é o mesmo. É certo que a piedade popular tende para a irracionalidade e, às vezes, talvez mesmo para a exterioridade. No entanto, excluí-la, é completamente errado. Através dela, a fé entrou no coração dos homens, tornou-se parte dos seus sentimentos, dos seus costumes, do seu sentir e viver comum. Por isso a piedade popular é um grande patrimônio da Igreja. A fé fez-se carne e sangue. Seguramente a piedade popular deve ser sempre purificada, referida ao centro, mas merece a nossa estima; de modo plenamente real, ela faz de nós mesmos «Povo de Deus».

5. O tempo no Seminário é também e sobretudo tempo de estudo. A fé cristã possui uma dimensão racional e intelectual, que lhe é essencial. Sem tal dimensão, a fé deixaria de ser ela mesma. Paulo fala de uma «norma da doutrina», à qual fomos entregues no Batismo (Rm 6, 17). Todos vós conheceis a frase de São Pedro, considerada pelos teólogos medievais como a justificação para uma teologia elaborada racional e cientificamente: «Sempre prontos a responder (…) a todo aquele que vos perguntar “a razão” (logos) da vossa esperança» (1 Ped 3, 15). Adquirir a capacidade para dar tais respostas é uma das principais funções dos anos de Seminário. Tudo o que vos peço insistentemente é isto: Estudai com empenho! Fazei render os anos do estudo! Não vos arrependereis. É certo que muitas vezes as matérias de estudo parecem muito distantes da prática da vida cristã e do serviço pastoral. Mas é completamente errado pôr-se imediatamente e sempre a pergunta pragmática: Poderá isto servir-me no futuro? Terá utilidade prática, pastoral? É que não se trata apenas de aprender as coisas evidentemente úteis, mas de conhecer e compreender a estrutura interna da fé na sua totalidade, de modo que a mesma se torne resposta às questões dos homens, os quais, do ponto de vista exterior, mudam de geração em geração e todavia, no fundo, permanecem os mesmos. Por isso, é importante ultrapassar as questões volúveis do momento para se compreender as questões verdadeiras e próprias e, deste modo, perceber também as respostas como verdadeiras respostas. É importante conhecer a fundo e integralmente a Sagrada Escritura, na sua unidade de Antigo e Novo Testamento: a formação dos textos, a sua peculiaridade literária, a gradual composição dos mesmos até se formar o cânon dos livros sagrados, a unidade dinâmica interior que não se nota à superfície, mas é a única que dá a todos e cada um dos textos o seu pleno significado. É importante conhecer os Padres e os grandes Concílios, onde a Igreja assimilou, refletindo e acreditando, as afirmações essenciais da Escritura. E poderia continuar assim: aquilo que designamos por dogmática é a compreensão dos diversos conteúdos da fé na sua unidade, mais ainda, na sua derradeira simplicidade, pois cada um dos detalhes, no fim de contas, é apenas explanação da fé no único Deus, que Se manifestou e continua a manifestar-Se a nós. Que é importante conhecer as questões essenciais da teologia moral e da doutrina social católica, não será preciso que vo-lo diga expressamente. Quão importante seja hoje a teologia ecumênica, conhecer as várias comunidade cristãs, é evidente; e o mesmo se diga da necessidade duma orientação fundamental sobre as grandes religiões e, não menos importante, sobre a filosofia: a compreensão daquele indagar e questionar humano ao qual a fé quer dar resposta. Mas aprendei também a compreender e – ouso dizer – a amar o direito canônico na sua necessidade intrínseca e nas formas da sua aplicação prática: uma sociedade sem direito seria uma sociedade desprovida de direitos. O direito é condição do amor. Agora não quero continuar o elenco, mas dizer-vos apenas e uma vez mais: Amai o estudo da teologia e segui-o com diligente sensibilidade para ancorardes a teologia à comunidade viva da Igreja, a qual, com a sua autoridade, não é um pólo oposto à ciência teológica, mas o seu pressuposto. Sem a Igreja que crê, a teologia deixa de ser ela própria e torna-se um conjunto de disciplinas diversas sem unidade interior.

6. Os anos no Seminário devem ser também um tempo de maturação humana. Para o sacerdote, que terá de acompanhar os outros ao longo do caminho da vida e até às portas da morte, é importante que ele mesmo tenha posto em justo equilíbrio coração e intelecto, razão e sentimento, corpo e alma, e que seja humanamente «íntegro». Por isso, a tradição cristã sempre associou às «virtudes teologais» as «virtudes cardeais», derivadas da experiência humana e da filosofia, e também em geral a sã tradição ética da humanidade. Di-lo, de maneira muito clara, Paulo aos Filipenses: «Quanto ao resto, irmãos, tudo o que é verdadeiro, nobre e justo, tudo o que é puro, amável e de boa reputação, tudo o que é virtude e digno de louvor, isto deveis ter no pensamento» (4, 8). Faz parte deste contexto também a integração da sexualidade no conjunto da personalidade. A sexualidade é um dom do Criador, mas também uma função que tem a ver com o desenvolvimento do próprio ser humano. Quando não é integrada na pessoa, a sexualidade torna-se banal e ao mesmo tempo destrutiva. Vemos isto, hoje, em muitos exemplos da nossa sociedade. Recentemente, tivemos de constatar com grande mágoa que sacerdotes desfiguraram o seu ministério, abusando sexualmente de crianças e adolescentes. Em vez de levar as pessoas a uma humanidade madura e servir-lhes de exemplo, com os seus abusos provocaram devastações, pelas quais sentimos profunda pena e desgosto. Por causa de tudo isto, pode ter-se levantado em muitos, e talvez mesmo em vós próprios, esta questão: se é bom fazer-se sacerdote, se o caminho do celibato é sensato como vida humana. Mas o abuso, que há que reprovar profundamente, não pode desacreditar a missão sacerdotal, que permanece grande e pura. Graças a Deus, todos conhecemos sacerdotes convincentes, plasmados pela sua fé, que testemunham que, neste estado e precisamente na vida celibatária, é possível chegar a uma humanidade autêntica, pura e madura. Entretanto o sucedido deve tornar-nos mais vigilantes e solícitos, levando precisamente a interrogarmo-nos cuidadosamente a nós mesmos diante de Deus ao longo do caminho rumo ao sacerdócio, para compreender se este constitui a sua vontade para mim. É função dos padres confessores e dos vossos superiores acompanhar-vos e ajudar-vos neste percurso de discernimento. É um elemento essencial do vosso caminho praticar as virtudes humanas fundamentais, mantendo o olhar fixo em Deus que Se manifestou em Cristo, e deixar-se incessantemente purificar por Ele.

7. Hoje os princípios da vocação sacerdotal são mais variados e distintos do que nos anos passados. Muitas vezes a decisão para o sacerdócio desponta nas experiências de uma profissão secular já assumida. Frequentemente cresce nas comunidades, especialmente nos movimentos, que favorecem um encontro comunitário com Cristo e a sua Igreja, uma experiência espiritual e a alegria no serviço da fé. A decisão amadurece também em encontros muito pessoais com a grandeza e a miséria do ser humano. Deste modo os candidatos ao sacerdócio vivem muitas vezes em continentes espirituais completamente diversos; poderá ser difícil reconhecer os elementos comuns do futuro mandato e do seu itinerário espiritual. Por isso mesmo, o Seminário é importante como comunidade em caminho que está acima das várias formas de espiritualidade. Os movimentos são uma realidade magnífica; sabeis quanto os aprecio e amo como dom do Espírito Santo à Igreja. Mas devem ser avaliados segundo o modo como todos se abrem à realidade católica comum, à vida da única e comum Igreja de Cristo que permanece uma só em toda a sua variedade. O Seminário é o período em que aprendeis um com o outro e um do outro. Na convivência, por vezes talvez difícil, deveis aprender a generosidade e a tolerância não só suportando-vos mutuamente, mas também enriquecendo-vos um ao outro, de modo que cada um possa contribuir com os seus dotes peculiares para o conjunto, enquanto todos servem a mesma Igreja, o mesmo Senhor. Esta escola da tolerância, antes do aceitar-se e compreender-se na unidade do Corpo de Cristo, faz parte dos elementos importantes dos anos de Seminário.

Queridos seminaristas! Com estas linhas, quis mostrar-vos quanto penso em vós precisamente nestes tempos difíceis e quanto estou unido convosco na oração. Rezai também por mim, para que possa desempenhar bem o meu serviço, enquanto o Senhor quiser. Confio o vosso caminho de preparação para o sacerdócio à proteção materna de Maria Santíssima, cuja casa foi escola de bem e de graça. A todos vos abençoe Deus onipotente Pai, Filho e Espírito Santo.



Vaticano, 18 de Outubro – Festa de São Lucas, Evangelista – do ano 2010.



Vosso no Senhor



Benedictus PP XVI

01 outubro 2010

O Nuncantismo Lulesco

"Nunca antes nesse país"... afirma categoricamente nos discursos proferidos nos quatro cantos do planeta o atual presidente da República do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva.
A noção histórica do Presidente Lula é uma noção restrita a ele mesmo, envolta de uma série de fatores que merecem de nossa parte uma reflexão acurada para não deixar que os avanços que hoje acontencem nos diversos setores do Brasil, não tragam consigo o legado histórico de centenas de milhares de pessoas que fizeram do Brasil aquilo que ele hoje o é.
Fazendo uma releitura da obra Educação e Emancipação do filósofo alemãoTheodor Adorno, deparei-me com uma afirmativa que nos faz repensar esses discursos descomprometidos com o passado. Assevera Adorno: "A elaboração do passado como esclarecimento é essencialmente uma tal inflexão em direção ao sujeito, reforçando a sua auto-consciência e, por esta via, também o seu eu. Ela deveria ser concomitante ao conhecimento daqueles inevitáveis truques de propaganda que atingem de maneira certeira aquelas disposições psicológicas cuja existência precisamos pressupor nas pessoas" (Adorno, p. 47).
Essa inflexão histórica deve ter sempre a função de nos lembrar que não somos filhos do acaso histórico, mas trazemos em nós uma carga "genética histórica" e que simplesmente por necesidade de auto afirmação deva ser desconsiderado em seu mais pleno sentido.
Não permitamos que o nuncantismo lulesco nos faça esquecer a contribuição que os cidadãos que compuseram o cenário do passado merecem, bem como toda reverência e respeito, pois se o "nunca antes nesse país" existe é por conta da atuação de todos eles e não de um único ser, que logo se tornará membro desse mesmo passado!

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