30 setembro 2010

Edinei na Mariápolis Celeste

No último dia 23 o seminarista Edinei Gonçalvez da Cruz partiu para a Mariápolis Celeste. Ele tinha 20 anos, era seminarista da Diocese de Blumenau, cursava o 3º ano de Filosofia em Brusque, residia no Seminário Filosófico de Santa Catarina – Sefisc. Ele participou com todos os GENS de Santa Catarina do Congresso Nacional de seminaristas que aconteceu no inicio do ano na Mariápolis Ginetta, participando também do Acampamento GENS de Santa Catarina e desde então sempre presente no movimento dos focolares. Edinei, na noite do dia 23 (quinta-feira), dirigia-se com outras pessoas a Lages, onde participaria, em nome dos seminaristas filósofos, da Assembléia da CNBB - Regional Sul 4. Um acidente automobilístico tirou sua vida, nada acontecendo a seus companheiros de viagem. Diante de tão grave fato, a Assembléia do Regional Sul 4 foi suspensa.


O sepultamento de Edinei Gonçalvez da Cruz foi dia 24 de setembro, às 16h, na Capela de Palmeiras – Município de Rio dos Cedros – SC.

Estejamos unidos com toda a sua família, e toda a Diocese de Blumenau que neste momento passa por mais esta experiência de dor, de entrega total a Jesus Abandonado.

25 setembro 2010

Beata Chiara Luce, Ora pro nobis!

Cidade do Vaticano, 25 set (RV) - O Movimento dos Focolarinos, presente em várias partes do mundo está em festa neste sábado, como também está em festa a Igreja presente em todo o mundo. Hoje temos a beatificação, etapa importante no caminho da santificação, de um de seus membros, a jovem Chiara Luce Badano, que faleceu com apenas 18 anos. 18 anos de vida, mas uma existência cheia, repleta de amor. Chiara, como o nome da fundadora do Movimento, Chiara Lubich, é uma das primeiras integrantes dos Focolarinos a chegar à honra dos altares.

Mas quem é essa jovem e por que ela chega à honra dos altares. Chiara nasceu em Sassello, Itália, no dia 29 de outubro de 1971 no seio de uma família simples que a educou na fé. Era uma jovem de muitos amigos, bonita, desportiva, uma jovem absolutamente normal. Entrou a fazer parte do gen (Geração Nova) do Movimento dos Focolares, onde descobriu Deus como Amor e ideal de vida, e empenhou-se em fazer por amor, em cada momento, a Sua vontade. Seu sonho era ir para África para, como médica, cuidar das crianças; um sonho interrompido no meio do caminho. Aos 17 anos, foi-lhe diagnosticado um tumor ósseo. Diante do sofrimento repetia: «Se Tu o queres, Jesus, também eu quero». Apesar do sofrimento comunicava serenidade, paz e alegria. A inesquecível Chiara Lubich já afirmara que ela lançou uma mensagem aos seus coetâneos: “Os jovens são o futuro. Eu já não consigo correr, mas gostaria de lhes passar a chama como nas Olimpíadas. Eles têm só uma vida, e vale a pena gastá-la bem”, dizia a nova Bem-aventurada. No dia 7 de outubro de 1990, despedindo-se da mãe, disse: “Seja feliz, porque eu sou feliz!”.

A vida dessa jovem foi simples, e na sua simplicidade, extraordinária. Um exemplo aos jovens de hoje, sedentos do amor de Jesus, e muitas vezes perdidos no emaranhado de propostas fúteis e sem sentido que a sociedade de hoje oferece. O que torna extraordinária a sua breve vida é o seu testemunho de um “sim” incondicional ao amor de Deus um “sim” que soube transformar a doença num caminho luminoso até à plenitude da Vida. Uma jovem bela, cheia de vida, atleta, ativa de sorriso contagiante. Uma jovem normal, uma cristã. Parecia apenas mais uma entre tantos jovens, como se diz na Itália, “a jovem da casa ou da porta ao lado”, sem nada de excepcional. Durante a sua doença, com a perda do movimento de suas pernas, Chiara Lubich lhe escreve: “Deus tem um amor imenso por você e quer penetrar no íntimo da sua alma e fazer com que você experimente gotas de céu”. Apesar das dores intensas, recusa a morfina para se manter consciente de seus atos e explica: “Não quero perder a lucidez, porque a única coisa que posso fazer é oferecer a dor a Jesus. Quero compartilhar com ele, ainda por um pouco, a sua cruz”.

Os seus gestos e palavras, sempre de encorajamento, voltam regularmente à tona, graças à divulgação feita pelos seus amigos e graças a seus escritos. O fato é que a vida de Chiara Luce continua contagiando milhares de pessoas. Um dos médicos, que cuidou de Chiara durante a sua doença, Antonio Delogu disse: “Chiara demonstra com seu sorriso, com seus grandes olhos luminosos, que a morte não existe; existe somente a vida”. Como escreve Abbé Pierre: “Os santos não estão limitados a um catálogo, e nós, certamente, cruzamos com eles todos os dias”. Chiara Luce era um desses santos da normalidade. (SP)

Carta de Chiara sobre outra Chiara, a Luce

Castelgandolfo, 9 de março de 2000


«Caríssimos todos,


No nosso Movimento, mesmo entre inevitáveis provações que uma Obra de Deus tem de enfrentar, temos vivido ultimamente momentos de alegria especial devido a vários fatores. Um deles é sem dúvida o andamento do processo de beatificação de Chiara Luce Badano (uma gen da Ligúria, que já é “serva de Deus”), que agora passa para Roma, tendo sido já concluído na diocese, onde se terminou um primeiro estudo.

Chiara Luce! Quanta luz nesta nossa Chiara!

Transparece do seu rosto nas fotografias tiradas sobretudo no período final da vida.Quanta luz nas suas palavras, nas suas cartas, na sua vida toda concentrada em amar concretamente muitas pessoas! A revista Cidade Nova italiana e as suas 33 edições no mundo inteiro começaram a falar dela; assim podemos conhecê-la, aprender com ela, contemplá-la como modelo dos nossos e de todos os jovens, mas também como um exemplo, para jovens e para adultos, de um ideal vivido com maturidade já aos 18 anos. Não posso nem quero falar antecipadamente da beleza, grandeza e santidade da sua breve vida. Desejo que todos comecemos a conhecê-la, lendo as nossas revistas ou a sua biografia que será publicada o quanto antes.

Porém desejo comunicar uma ideia.

Quero tirar um ensinamento e um incentivo das suas convicções todas imbuídas de Ideal.
(...) Numa das suas últimas cartas, me confia a sua decisão – ditada unicamente pelo amor e pelo Espírito Santo no seu coração – de querer amar Jesus Abandonado por Ele mesmo e não instrumentalizá-lo para proveito pessoal.
Portanto, amar o sofrimento por Ele, por Jesus Abandonado, e não tanto porque a divina alquimia, que conhecemos, transforma a dor em amor.
Chiara Luce soube o que é sofrer, principalmente na última fase da sua vida terrena. Porém, tinha entendido que eram as pérolas preciosas que devia recolher com predileção ao longo do dia. Era especialmente no sofrimento ínsito à fortaleza, à paciência, à perseverança, à constância, etc. (todas virtudes necessárias para poder ser chamados de cristãos, em semelhantes circunstâncias) que ela sentia que podia amar. Era nas “surpresas” (assim chamava aos repetidos alarmes da sua doença) que se podia encontrar com Ele, ver surgir o Seu rosto, desfigurado e cheio de amor, e abraçá-Lo, como uma verdadeira jovem esposa “estreitamente abraçada a um Deus abandonado”.
Por isso viveu com Ele, com Ele transformou a sua paixão num canto nupcial e quis que, no momento da passagem da sua alma santa para a Outra Vida, lhe vestissem um vestido de noiva, que havia estudado nos mínimos detalhes, pois nesse momento, ela mesma disse, seria “feliz com Jesus”. Assim afirmara e assim queria que dissessem os seus pais.
A sua foi uma escolha radical de Jesus Abandonado; escolha daquilo que faz mal. A dor, quando não se ama, pode arrastar o espírito para um túnel escuro.
Sim, preferir o que faz mal. Nestes dias, ao pensar em Chiara Luce, que de repente apareceu em primeiro plano no cenário da
nossa vida, recordei uma frase de um escrito famoso de 1949, intitulado: "Tenho um só Esposo sobre a terra". Diz: "O que me faz sofrer é meu. Minha a dor que me perpassa no presente. Minha a dor das almas a meu lado…".
Talvez seja melhor não ficar à espera da véspera da nossa passagem para a Outra Vida para repetirmos também nós esta frase, cientes do seu valor, atraídos por aquele dinamismo de vida a que nos pode conduzir.
(...) Convido todos vocês – e eu faço o mesmo – a fazer desta frase uma "luz para o nosso caminho", para podermos acompanhar esta nossa pequena santa (como esperamos poder chamar daqui a pouco a Chiara Luce) ou “gen realizada”, como talvez prefiram dizer os nossos jovens.
De resto estas palavras, «O que me faz sofrer é meu», são apenas outra versão daquilo que já
vivemos: "És tu, Senhor (= Jesus Abandonado), o meu único bem".

Sim, assim: "O que me faz sofrer é meu". E, para que o que digo não se limite a palavras, comecemos por habituar-nos, pelo menos por alguns dias, a contar quantas vezes por dia as colocamos em prática, as vivemos. Este método dá certo e ajuda muito.

"O que me faz sofrer é meu", em mim, nos meus condicionamentos físicos, morais e espirituais e nos irmãos, em todo tipo de sofrimento deles. (...). "O que me faz sofrer" é meu mais do que tudo, como fazia Chiara Luce.

Coragem! Comecemos sem demora!».



Chiara Lubich

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